CRÍTICA | UMA SEXTA-FEIRA MAIS LOUCA AINDA

Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
8 de ago.
4 min de leitura

Sexta-feira Muito Louca soube captar toda a essência da geração dos anos 2000, e se tornou um clássico instantâneo que se mantém vivo até os dias de hoje, vinte dois anos depois, com sua trama divertida sobre uma mãe (Jamie Lee Curtis) e sua filha (Lindsay Lohan) que acabam trocando de corpos para que uma entenda os problemas da outra. A Disney tem investido em live-actions de suas produções, como os recentes Lilo e Stich e Branca de Neve, além de continuações como Cruela – que se saiu muito bem -, Abracadabra 2, e a continuação de Meninas Malvadas, da Paramount, - essas foram bem ruinzinhas -. Então, foi anunciado uma continuação de Sexta-Feira Muito Louca, com o retorno de praticamente todo o elenco, que acabou deixando os fãs bem preocupados: será que realmente era necessário?

A princípio, não era – mas já que iam fazer mesmo assim, o jeito era conferir -, e felizmente estávamos errados: Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda funciona perfeitamente, é diversão garantida e pura nostalgia, resgatando toda a energia dos filmes adolescentes dos anos 2000 para a nova geração, e a energia do próprio filme original. De Início, a trama fica um pouco confusa (principalmente pela troca de corpos), mas logo tudo se ajeita: Agora, Anna (Lindsay Lohan) tem uma filha adolescente rebelde, Harper (Julia Butters), e que conta com a ajuda da sua mãe, Tess (Jamie Lee Curtis), para cria-la; claro que Anna e Harper não se dão muito bem. A jovem rebelde tem uma “inimiga” na escola, Lily (Sophia Hammons), e por ironia do destino, sua mãe acaba namorando com o pai de Lily, Eric (Manny Jacinto). Meses depois, Anna e Eric decidem se casar, Harper e Lily não aceitam o casamento – e a relação entre elas só piorou -, e é aí que acontece a fatídica troca de corpos: Anna acaba indo para o corpo de sua filha, Harper, e vice-versa, enquanto Tess acaba ficando no corpo de Lily, e vice-versa. Agora, faltando dois dias para o casamento de Anna e Eric, elas precisam tentar se acertar, mas a situação fica complicada quando Harper e Lily se unem para acabar como casamento de vez. Chad Michael Murray, Mark Harmon, e Stephen Tobolowsky retornam para a continuação.

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda é um filme totalmente “sessão da tarde”, nostálgico, divertido, e irá agradar tanto os fãs do original quanto o novo público da atualidade. Dirigido por Nisha Ganatra, e com roteiro de Jordan Weiss, "Freakier Friday" repete a mesma dinâmica do primeiro filme – a troca de corpos, os conflitos, o casamento no final -, mas segue por um caminho distinto, recria alguns momentos do filme original, e isso tudo sem parecer uma cópia descarada e sem sentido. Tem alguns clichês básicos, e algumas situações são exageradas, mas nada disso é um problema, pelo contrário, o novo filme é tão divertido quanto o primeiro, tem bastante humor, piadas, e tiradas sensacionais sobre “conflitos de gerações”, tanto da cultura pop quanto sobre a idade das personagens: novas tecnologias, novos artistas – Coldplay seria uma banda velha? -. E essa dinâmica de troca de corpos fica mais complexa: no primeiro filme, eram somente as personagens de Lindsay Lohan e Jamie Lee Curtis que trocavam de corpos, mas agora são quatro personagens, Anna, Tess, Harper e Lily, deixando tudo mais dinâmico e possibilitando novos rumos e mais conflitos para a trama, e claro, ainda mais confusões. E você estava com saudades da banda fictícia de Anna, os Pink Slip? Sim, eles estão de volta, inclusive cantam o hit nostálgico “Take Me Away”, em uma cena que homenageia a icônica apresentação da banda no primeiro filme.

A química entre Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan era o que mais funcionava no primeiro filme, além do carisma incrível das duas atrizes, e em “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”, essa química continua imbatível, mesmo depois de mais de duas décadas. Ver a atriz de Halloween interpretar uma versão mais jovem de novo é sensacional e muito divertido, sempre com um bom humor contagiante e é impossível não dar risadas. Lohan também continua impecável em um dos papeis mais importantes de sua carreira, com um timing cômico genial, e o seu carisma vibrante que encantou uma geração. Mas agora, as duas atrizes dividem o protagonismo com duas outras ótimas atrizes da nova geração, Julia Butters (a filha de Anna, Harper), e sua “arqui-inimiga” Lily (Sophia Hammons), que também acabam entrando na confusão da troca dos corpos. Suas personagens são ótimas adições na franquia, ganham bastante destaque no roteiro, seus dramas são bem desenvolvidos, e ambas as atrizes se saem muito bem, principalmente ao interpretar a versão mais velha das personagens de Lohan e Curtis. Chad Michael Murray, o ex-namorado de Anna, Mark Hammon, o marido de Tess, e Stephen Tobolowsky, o professor da escola, também retornam para uma participação especial, que servem mais para a nostalgia mesmo.

Ninguém esperava uma sequência de Sexta-Feira Muito Louca, mas o novo filme acabou sendo um dos grandes acertos do ano, e parece que realmente a gente precisava de uma continuação. Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda é nostalgia pura, trazendo toda a energia dos filmes adolescentes dos anos 2000 e todos os elementos do primeiro filme, com um roteiro bem amarrado e envolvente que diverte com o carisma das protagonistas e as confusões em que elas se metem, e as referências ao longa original só aumentam a diversão. Tem os seus clichês, é exagerado em alguns momentos, mas as piadas funcionam, é divertido e dramático na medida certa, nunca parece ser forçado, e ainda expande a história da troca de corpos. Só por ver Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan juntas de novo, na mesma situação, já vale o ingresso.