CRÍTICA | JURASSIC WORLD - RECOMEÇO
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 4 de jul.
- 5 min de leitura

O primeiro Jurassic Park estreou há 32 anos atrás, em 1993, revolucionou os efeitos especiais, se tornou um enorme sucesso de bilheteria, e pela primeira vez na história, víamos dinossauros tão reais no cinema. E foi partir daí que a nossa paixão pelos dinossauros surgiu, ou aumentou em alguns casos. Estrelado por Sam Neil, Laura Dern, Jeff Goldblum e Richard Attenborough, o filme rendeu duas sequências – O Mundo Perdido e Jurassic Park 3 -, que não fizeram o mesmo sucesso, mas contribuíram para o legado da franquia. Já em 2015, estreava Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, um reboot/sequência da trilogia Jurassic Park, onde víamos pela primeira vez o parque aberto para o público, exatamente como John Hammond sonhou. Com esse filme, a franquia tomou rumos bem diferentes, abordando manipulação genética para desenvolver dinossauros híbridos para o parque – tivemos o Indominus Rex, e o Indoraptor de Reino Ameaçado, do segundo filme -. A desculpa era que o público estava cansado de dinossauros “comuns”, eles queriam algo maior e mais ameaçador. Mas será que o público da vida real também está cansado de filmes de dinossauros?
Depois de Reino Ameaçado, a nova trilogia, Jurassic World, fechou com Domínio, que apesar do sucesso de bilheteria, amargou na critica e é considerado o pior filme da franquia toda. Mas em Hollywood, se um filme vai bem nas bilheterias, uma continuação é praticamente certa, e com os mais de U$ 6 bilhões de dólares arrecadados dos seis filmes da franquia dos dinossauros, a Universal Pictures não perdeu tempo e lançou Jurassic World: Recomeço em menos de cinco anos após o último. Agora, estrelado por Scarlett Johanson, Mahershala Ali, e Jonathan Bailey, o novo filme também funciona como um reboot/continuação, um “Recomeço” como diz no subtítulo, seguindo os eventos anteriores da franquia – principalmente Jurassic World -, além de várias referências e homenagens ao primeiro Jurassic Park, mas com novos personagens e uma nova abordagem (talvez não tão nova assim).

Na trama, os dinossauros foram levados para uma ilha próxima ao Equador onde funcionava um laboratório que faziam os dinossauros híbridos para serem levados ao Jurassic World. Uma equipe liderada por Zora (Scarlett Johanson), Duncan (Mahershala Ali), e o dr. Henry (Jonathan Bailey), precisam ir até essa ilha para coletar amostras de sangue de três dinossauros (Mosassauro, o Quetzalcoatlus e o Titanossauro) para a criação de um medicamento para salvar a humanidade. Durante a missão, eles acabam encontrando uma família perdida, os Delgados, que acabam se juntando com eles para fugir da ilha.
Jurassic World: Recomeço é uma “volta as origens” aos primeiros filmes da franquia, trazendo o tom de aventura e ação clássico que a os filmes haviam perdido, muito parecido com O Mundo Perdido e Jurassic Park 3, pela história se passar dentro da ilha, não em um parque temático. A narrativa é bem genérica mesmo, nada de tão complexo ou com muita explicação, simplesmente os personagens vão até a ilha para fazer a missão e acabam enfrentando diversos perigos com os dinossauros; é puro filme de aventura e entretenimento. A trilogia Jurassic World deu uma repaginada na franquia ao inserir dinossauros geneticamente modificados – Indominus Rex e o Indoraptor -, onde no primeiro filme funcionou, mas nas continuações já foi ficando cansativo. Em Jurassic World: Recomeço, os dinossauros híbridos estão de volta, mas bem diferentes: os híbridos que nasceram deformados – em palavras mais diretas, feios demais para o público ver -, foram mantidos nessa ilha, que é o caso do D-Rex, que em entrevistas, o diretor Garret Edwards afirmou que a inspiração na concepção desse dinossauro foi no xenomorfo da franquia Alien. Particularmente, acho que a trama envolvendo híbridos não precisava ter, podiam ter colocados outros dinossauros inéditos no lugar, mas o visual deles é incrível, além de serem bem introduzidos na trama.

O ponto forte de Jurassic World: Recomeço são as sequências de ação com os dinossauros, realmente incríveis, com ótimos efeitos especiais e uma ambientação mais “selvagem”, que dá um frescor diferente para o filme e para a franquia. Garret Edwards já tem experiência no subgênero de “monstros” com o Godzilla de 2014, e no seu novo filme ele cria cenas empolgantes e bem dirigidas: o ataque do Mosassauro e dos Espinossauros ao barco, a sequência no vale com os Titanossauros, os dinossauros voadores Quetzalcoatlus, a sequência final com os híbridos Mutadon e o D-Rex (aparecem no trailer), todas repletas de tensão e com homenagens ao primeiro filme da franquia. Mas destaco aqui a sequência do Tiranossauro Rex atacando a família Delgado no bote salva-vidas, uma das melhores cenas com dinossauros de toda a franquia. Essa sequência toda está no primeiro livro do Jurassic Park, escrito por Michael Crichton, e originalmente estaria no primeiro filme do Jurassic Park de 1993, mas seria muito caro produzi-la, e apesar dos efeitos terem revolucionado na época, ainda ficaria difícil fazer, então Steven Spielberg decidiu cortá-la. E poderia ser uma cena qualquer, mas a fotografia é incrível, dando um tom realmente de “natureza selvagem”. Aliás, todos os cenários estão incríveis e também bem diferentes dos outros filmes da franquia, realmente parece que os personagens estão vivendo na época dos dinossauros, há 65 milhões de anos
Os personagens não são um problema muito significativo para o filme como a maioria tem mencionado, todos conseguem ter seu carisma, alguns são engraçados e outros irritantes. Jurassic World: Recomeço tem dois núcleos básicos, os mercenários com a missão de ir até a ilha nova para coletar sangue de alguns dinossauros, e o da família Delgado, que estão atravessando o oceano de veleiro. Scarlett Johanson ganha o público com sua personagem Zora, principalmente pelo seu carisma, mas também pela sua determinação em realizar a missão, e a dinâmica com Duncan (Mahershala Ali) e o dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) é ótima e funciona muito bem. O núcleo da família Delgado foi bastante criticado, mas funcionam dentro da trama, e ainda trazem uma dinâmica bem diferente de toda a franquia - ao invés do adulto e as duas crianças -. Desse núcleo, o rapaz Xavier (David Lacono), é o que acaba se destacando mais, que de início fica bem chato, mas aos poucos se torna um personagem divertido, engraçado, e com um carisma ótimo. Destaque também para a garotinha Isabella (Audrina Miranda), fazendo sua estreia nos cinemas, e que encontra uma nova amiga na ilha, a Dolores, um bebê dinossauro híbrido.

Jurassic World: Recomeço sabe das suas limitações e, principalmente, não tenta seguir os passos dos outros filmes da franquia, e ainda faz homenagens ao primeiro Jurassic Park (há também referências a Tubarão e até Indiana Jones), pura nostalgia para os fãs da franquia. Garret Edwards opta por um filme de aventura clássico na natureza selvagem, no habitat natural dos dinossauros, com sequências de ação incríveis – em especial a do Tiranossauro Rex atacando o bote salva-vidas, a melhor do filme e uma melhores de toda a franquia -, ótimos efeitos especiais, e uma fotografia perfeita que consegue retratar muito bem o ambiente selvagem e perigoso da ilha. O roteiro é fraco e genérico sim, alguns personagens são chatos, e realmente não é um filme perfeito, mas vale a pena por resgatar o clima de aventura dos filmes originais, é puro entretenimento para ser visto em uma tela grande. Jurassic World: Recomeço consegue dar um novo frescor para a franquia, especialmente por colocarem dinossauros híbridos na história, é um ideia interessante, claro, e o filme precisa de alguma novidade, mas ainda acho que poderiam criar uma história melhor sem eles. O futuro da franquia ainda é incerto, e depende muito da bilheteria do filme, mas se seguirem por um caminho cada vez mais diferente, Jurassic World/Park ainda tem muito fôlego para mais dinossauros. Nos filmes, o público pode não se importar mais com os dinossauros, mas na vida real, o público ainda se encanta com esses assustadores e belos animais pré-históricos.

JURASSIC WORLD - RECOMEÇO
Ano: 2025
Direção: Garreth Edwards
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 134 min
Elenco: Scarlett Johanson, Mahershala Ali, Jonathan Bailey
NOTA: 9,0








Comments