CRÍTICA | AMORES MATERIALISTAS
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 31 de jul.
- 4 min de leitura

Para promover o seu novo filme, a diretora Celine Song (do ótimo Vidas Passadas, de 2023), junto com a produtora A24 (e a Sony aqui no Brasil), enfatizou um “triangulo amoroso” entre os protagonistas – Dakota Johnson, Pedro Pascal, e Chris Evans -, inclusive incentivando o público a levantar torcida para um dos dois galãs. A questão é que Amores Materialistas não é bem uma comédia romântica como muitos tem pensado, pode ser classificado como um drama sobre relacionamentos, ou romance, ou tudo isso junto – na verdade, tanto faz o gênero -. “Materialists”, no original, faz uma análise sobre a forma como nos relacionamos, principalmente em relação as aparências – seja financeira, pela beleza, ou por classes sociais -, exatamente como diz o título. Na trama, acompanhamos a casamenteira Lucy (Dakota Johnson), que trabalha em uma empresa que promove encontros amorosos baseados nos gostos dos clientes. Um dia, Lucy acaba conhecendo Harry (Pedro Pascal), um homem charmoso e bem-sucedido financeiramente que fica interessado nela, e acabam engatando um romance. Ao mesmo tempo, surge John (Chris Evans), seu ex-namorado, que tem uma condição financeira bem menos favorecida, e entre problemas pessoais e confusões no trabalho, Lucy precisa decidir se vai ficar com Harry ou John.
Amores Materialistas é uma comédia romântica (vamos tratar o filme assim) com toques de drama, mas é mais intimista, adulto, quase não tem os clichês típicos do gênero, e a trama vai direto ao ponto, não enrola, fala o que deve falar sem rodeios ou medo de julgamentos, e ainda rende uma ótima reflexão sobre relacionamentos e a forma como lidamos e agimos. Não tem uma disputa amorosa entre os personagens de Pedro Pascal e Chris Evans – eles não saem no soco na rua ao som de "It's Raining Men" para conquistar a nossa protagonista -, e muito menos aquele triangulo amoroso típico de comédias românticas. A personagem de Dakota Johnson pode até ficar dividida entre eles, mas isso não fica tão explicito na trama. Amores Materialistas é mais uma crítica sobre a forma como a gente escolhe os pretendentes, desde que esteja de acordo com a nossa preferência: se ele(a) é alto, magro, bem financeiramente, branco, negro, se gosta de animais. É exatamente como sugere o nome do filme, tratamos o amor e relacionamentos de forma material, de como as pessoas acabam sendo uma mercadoria onde escolhemos a que gostamos, a de melhor qualidade, e levamos para casa. E apesar de ser mais realista, é um filme bem leve, carismático, tem uma abordagem original e bem interessante sobre relacionamentos, e funciona dentro da sua proposta. A parte técnica é outro ponto positivo: a fotografia confere um charme maior para o filme, com os cenários cheios de vida de uma Nova York fascinante, as cenas no interior com paisagens mais tranquilas acabam dando um toque mais intimista, e até os apartamentos dos personagens se destoam um do outro, e refletem também na personalidade de cada um.

Pedro Pascal ou Chris Evans? Com quem a personagem de Dakota Johnson vai ficar no final de Amores Materialistas? Celine Song, que além de dirigir também escreveu o roteiro, desenvolve muito bem os seus protagonistas, conferindo diversas camadas nas suas personalidades e nos dramas pessoais de cada um. Todos os atores estão apaixonantes e carismáticos nos seus respectivos papéis, e a química entre eles é muito boa o tempo todo. Lucy (Dakota Johnson) é uma casamenteira bem-sucedida, arruma pretendentes para todo mundo, mas quase não tem tempo para si mesma, e desde o início o roteiro mostra que a situação financeira tem peso para as suas escolhas, que os detalhes mais “materialistas” na personalidade da pessoa realmente importa. Levando em consideração as preferências de Lucy, Harry (Pedro Pascal) é o par ideal para ela: rico, um empresário bem-sucedido, charmoso, romântico, um galã de novelas. Já John (Chris Evans) é totalmente o oposto: é pobre, divide um apartamento fuleiro com dois amigos, não tem um emprego fixo, e ainda tem o fato de ser ex-namorado dela, porém, é um grande amigo e sempre disposto a ajudar os outros; ele realmente se importa com as pessoas, sem levar em consideração a situação financeira. É uma escolha difícil?
E baseado nas suas preferências, caro leitor(a), quem você escolheria? Pedro Pascal ou Chris Evans?

Amores Materialistas não é apenas uma comédia romântica qualquer, é um filme mais adulto e trata os relacionamentos de forma nua e crua, como realmente é, sem contos de fadas e ilusões. Celine Song faz uma crítica – e reflexão - sobre as relações atuais, a forma como a gente escolhe os nossos pretendentes, principalmente pela aparência e não pela sua personalidade interna – pelo menos, no primeiro momento -, e é exatamente assim que as coisas acontecem. E aí, claro, nesse contexto, o filme tem os clichês básicos de comédias românticas, alguns momentos mais fofinhos, os típicos conflitos, e tanto Chris Evans como Pedro Pascal estão apaixonantes e são ótimos pretendentes – e não estou falando apenas sobre a situação financeira -. E apesar dessa abordagem mais realista, Amores Materialistas é um filme leve, gostoso de assistir, e ainda nos faz refletir sobre as nossas escolhas, e a nossa personalidade quando escolhemos alguém para nos relacionarmos. Ou Lucy fica com Pedro Pascal – rico – ou fica com o personagem de Chris Evans – mais pobre -, e o final pode dividir opiniões, principalmente se você decidiu escolher um lado: Pedro Pascal ou Chris Evans? Será que Lucy vai seguir seus ideais sobre a importância de ter dinheiro, ou ela vai superar essa ideia mais materialista e aceitar uma vida menos afortunada ao lado de Chris Evans?

AMORES MATERIALISTAS
Ano: 2025
Direção: Celine Song
Distribuidora: A24/ Sony Pictures
Duração: 116 min
Elenco: Dakota Johnson, Chris Evans, Pedro Pascal
NOTA: 9,0






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