CRÍTICA | PRESENÇA
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 15 de out.
- 3 min de leitura

O diretor Steven Soderbergh nunca se aventurou no gênero do terror/suspense, tendo em seu currículo filmes mais cults, como Onze Homens e Um Segredo, Sexo Mentiras e Videotapes, Contágio e Traffic. Mas agora, o conceituado cineasta faz sua estreia no sobrenatural com o elogiado “Presença”, trazendo o seu retorno ao Festival Sundance após mais de três décadas, com uma história de fantasmas e assombração contada de uma forma bem diferente. Com um roteiro de David Koepp – outro grande nome do cinema -, “Presence”, no original, é um típico filme de casa mal-assombrada, com os clichês típicos do subgênero, mas contada a partir da perspectiva do fantasma que está assombrando a casa. Com uma mistura de suspense e drama familiar, a trama de “Presença” acompanha uma família – interpretados por Lucy Liu, Chris Sullivan, Callina Liang, e Eddy Maday - que se mudam para uma nova casa. Lá, eles são atormentados por uma entidade que parece estar ligada com a filha mais nova, Chloe (Callina Liang).
Com uma câmera de mão, e uma premissa bem interessante, Steven Soderbergh cria um suspense intimista e inusitado ao mostrar as assombrações a partir da perspectiva do espírito. Assim como “Natureza Selvagem” – que contava a história do ponto de vista do serial killer -, em “Presença”, os acontecimentos são mostrados em primeira pessoa, a partir da visão do espírito, a câmera é a entidade que vai atormentando a família e os acompanhando durante o filme. Se algum objeto muda de lugar, ou algo cai inexplicavelmente em outro cômodo, geralmente, o filme não mostra o que aconteceu, mas "Presença" vai lá e mostra. Diferente de “Natureza Selvagem”, aqui essa dinâmica funciona, principalmente pelo estilo de filmagem adotado por Soderbergh, com planos sequências e alguns cortes bruscos; é como se você pegasse o seu celular na mão e fosse filmar toda a situação. “Presence” não é um filme de sustos, e também não é só um terror de assombração, mas sim um suspense com toques de drama, principalmente pelos conflitos familiares do roteiro. Aqui, o espectador acaba se tornando a entidade, observando a rotina e os diálogos dos personagens sem eles perceberem, e isso deixa o filme ainda mais imersivo. Cada personagem da família tem um drama específico explorado no roteiro, e ainda eles têm que lidar com a entidade os incomodando. A filha mais nova, Chloe (Callina Liang), ainda está abalada pela perda de uma amiga – seu arco dramático é o mais desenvolvido -, e o casal Rebecca (Lucy Liu) e Chris (Chris Sullivan) estão passando por dificuldades no casamento. O filho mais velho, Tyler (Eddy Maday) sempre implica com sua irmã, e não acredita que tem uma entidade na casa, e o seu novo amigo, Ryan (West Mulholland) acaba se interessando por Chloe – para desespero da entidade -. Mas por quê?

"Presença" acaba se tornando um filme mais experimental e intimista, e está longe de ser um terror “assustador” como acabou sendo promovido pela campanha de marketing. Steven Soderbergh não só explora o sobrenatural, como também o drama e os conflitos de cada membro da família, o espectador assume o papel da entidade, sempre observando a rotina da família. Tem alguns momentos de tensão, mas não são muitos, não tem sustos ou situações exageradas, e ainda conta com uma reviravolta no desfecho bem interessante, mas que pode confundir um pouco o espectador. E quem espera um filme típico de assombração, vai se decepcionar: "Presença" é um drama com toques de suspense e terror, mas é ótimo filme.

PRESENÇA
Ano: 2025
Direção: Steven Soderbergh
Distribuidora: Diamond Films
Duração: 85 min
Elenco: Lucy Liu, Chris Sullivan, Callina Liang, e Eddy Maday
NOTA: 9,0
Disponível no










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