CRÍTICA | O MACACO
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 6 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de jul.

A maioria dos filmes inspirados nas obras de Stephen King são complexos e cheios de reflexão, onde o terror e os horrores que acontecem na trama são elementos secundários. Então, O Macaco, a mais nova adaptação do mestre do terror, não seria tão diferente assim. Dirigido por Oz Perkins, que ano passado lançou o ótimo “Longlegs – Vínculo Mortal”, “The Monkey” foi vendido erroneamente como um filme de terror, mas não é somente isso: é também uma comédia de humor ácido, escrachada, e com muito sangue e vísceras espalhadas para todo o lado.
Estrelado por Theo James (o Tobias Eaton da trilogia Divergente), a trama começa no ano de 1999 com os irmãos gêmeos Hal e Bill (ambos interpretados por Christian Convery na adolescência, e por Theo James na fase adulta) encontrando um macaco de brinquedo que pertencia ao pai deles que havia desaparecido. Quando um deles gira a chave que faz o macaco funcionar, uma sequência de mortes acontecem, forçando os irmãos a sumir de vez com o brinquedo para evitar mais mortes. Vinte e cinco anos depois, Hal se afastou de Bill, além de ter problemas de relação com seu filho, Petey (Colin O’Brien) por medo de que essa “maldição” do macaco o afete. Mas o que Hal mais temia, acontece: de alguma forma, o brinquedo retorna para a sua vida, começando outra cadeia de mortes inesperadas, precisando acabar de vez com o macaco de brinquedo. Elijah Wood, Tatiana Maslany, e Rohan Campbell estão no elenco.

Osgood Perkins – que vem a ser filho do eterno Anthony Perkins, o Norman Bates do clássico Psicose – havia lançado o elogiado Longlegs em 2024, e muitas expectativas se criaram sobre o seu novo filme, O Macaco, que também faz uma participação especial, e aqui vai um aviso: The Monkey não tem aquela atmosfera sombria e assustadora do seu filme anterior, apostando muito no humor trágico e ácido, piadas escrachadas, e vários elementos de filmes trash; é o famoso “terrir”, abordando a morte de forma engraçada, mas ainda mórbida. Perkins dá o seu toque especial para o filme, alterando alguns detalhes dos acontecimentos, além de alguma mudanças no roteiro, mas mantém toda a essência da obra de Stephen King. O filme é caótico e absurdo – inclusive o desfecho -, as vezes pode parecer um pouco confuso, mas consegue dosar muito bem o suspense, a comédia, e os momentos trágicos, com sequências de mortes bizarras e cheias de sangue e corpos mutilados, lembrando bastante as da franquia Premonição; prato cheio para quem gosta de filmes mais trash. O ponto fraco de O Macaco talvez seja a atuação de Theo James, que muitas vezes não apresenta nenhuma emoção ou espanto com tudo o que acontece. Talvez seja proposital pelos traumas de Hal, seu personagem quando era criança, mas isso acaba afastando o público de “abraçar” toda a situação trágica que Hal e Bill estão passando.

O Macaco aborda bastante a relação entre pais e filhos, principalmente a de Bil (Theo James) e seu filho Petey, ressentimentos e problemas não resolvidos no passado, questões sobre a morte, além de uma reflexão sobre tudo aquilo que desejamos para os outros – aqui no caso, o mal – pode realmente acontecer, mas talvez não como a gente queira. Oz Perkins faz um filme totalmente irreverente e diferente dos que tem sido lançado nos últimos anos, misturando humor trágico e escrachado, dramas familiares, com mortes sangrentas, violentas, e todos os elementos dos filmes trash. O desfecho é bizarro, um caos total, é diferente da obra de King, e ainda deixa indícios de uma possível continuação. Não espere um típico filme de terror sobre um “brinquedo amaldiçoado”, O Macaco é muito mais do que isso e tem muita coisa para falar. Provavelmente você vai mais se divertir do que se assustar – ainda que tenha alguns sustos fáceis e o clima de suspense e terror -, mas essa é a proposta do filme, e a junção do humor ácido e das mortes gráficas, o filme funciona.

O MACACO (THE MONKEY)
Ano: 2025
Direção: Oz Perkins
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 97 min
Elenco: Theo James, Christian Convery, Elijah Wood, Tatiana Maslany, e Rohan Campbell
NOTA: 8,5
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