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CRÍTICA | JUNTOS

  • Foto do escritor: Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
    Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
  • 13 de set.
  • 3 min de leitura

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O “body horror”, o horror corporal, é um subgênero do terror que tem se destacado bastante nesses últimos anos, que prefere chocar o público com cenas grotescas de mutilações, sangue e gore – “Grave (Raw, de 2016) e A Substância, de 2024, são bons exemplos -, do que os sustos fáceis de terror genéricos. O novo filme dessa safra é Juntos (Together), estrelado por Alison Brie e Dave Franco (irmão de James Franco) e que fez bastante sucesso no Festival Sundance em janeiro desse ano. A premissa? Um filme de “body horror” onde um casal vive momentos de crises no relacionamento, e esse argumento faz todo sentido, até com o título do filme, literalmente, seja pela necessidade de estar em um relacionamento por comodismo, ou pela necessidade – ou atração - de estarem “juntos” por causa da substância misteriosa e sobrenatural na água. Na trama, Tim (Franco) e Millie (Brie) estão passando por problemas no relacionamento, e a situação vai piorando quando eles se mudam para uma cidadezinha no interior. O ápice chega quando uma força sobrenatural misteriosa os força a ficarem juntos o tempo inteiro, se fundindo em um corpo só, se grudando um ao outro.


Até onde vale a pena manter um relacionamento que caiu no comodismo? Entre situações típicas de um “body horror” – mais tímido -, o novo filme do cineasta australiano Michael Shanks faz uma reflexão sobre a dependência emocional nos relacionamentos atuais. Você realmente ama o seu namorado(a), ou está apenas por comodismo, pela necessidade de estar em uma relação para não se sentir sozinho? A solução ideal seria um afastamento temporário, o famoso “dar um tempo”, mas ironicamente, eles não conseguem, não sem passar por certas dificuldades. O filme também flerta com o sobrenatural, com alguns sustos, aparições bizarras, e o mistério envolvendo a tal caverna e a água, que é revelado na sinistra sequência final. Mas “Juntos” é um filme de terror do subgênero “terror corporal”, e aqui a produção pode decepcionar um pouco, principalmente se você está esperando algo mais “grotesco”. Shanks consegue criar alguns momentos angustiantes, mas nada tão gráfico, sangrento, visceral, como o recente A Substância; não causa tanto desconforto como era esperado. As transformações estão lá, os corpos se grudando um ao outro, sangue, os momentos intensos, e quando os personagens tentam se desgrudar, causa uma certa angústia no público mais sensível, mas nada demais.


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Dave Franco e Alison Brie são casados na vida real, e isso contou pontos para que eles tivessem uma afinidade e sintonia em suas atuações. O relacionamento deles e todos os conflitos que estão passando são tratados de forma bastante natural, seja nos diálogos ou nas situações constrangedoras típicas do dia a dia que acontecem. Tim (Franco) não tem uma vida tão estável quanto a de sua “namorida”, está em um conflito emocional, e acha que é isso que está atrapalhando o seu relacionamento. Millie (Brie) é bem o oposto ao seu “namorido”, mais madura e realista em relação a situação que eles estão passando, mas faz de tudo para salvar o namoro. E quando a maldição vai tomando conta do corpo deles, a dupla se entrega totalmente com performances convincentes, demonstrando a dor, o sofrimento, e até o carinho e amor que ainda existe entre eles. Ainda tem Jamie (Damon Herriman), o vizinho do casal, que acaba se tornando um personagem com personalidade dúbia: as vezes pode estar apenas interessado em Millie, mas pode também estar escondendo algum segredo.


Uma analogia interessante, e que aparentemente parece ser bem aleatória - mas não é -, é a relação entre o filme e as “Spice Girls”: o grupo musical teve um papel importante no passado do casal, e a música escolhida para representá-los é a balada “2 Become 1”, algo bem sugestivo. No fim, Juntos tem uma proposta bastante original – explorar os relacionamentos problemáticos como plano de fundo para uma história de “body horror”, entregando bastante mistério, cenas intensas, corpos deformados, um pouco de sangue, sustos, mutilações, situações bizarras, e até monstros. Acho que faltou mais momentos de gore, típicos do subgênero, poderia ser mais ousado e violento – ainda mais por ser um “horror corporal” -, mas pelo menos não são muitos momentos assim, o que poderia ficar repetitivo. Além disso, Juntos pode fazer o público refletir sobre a forma como levamos o nosso relacionamento, se estamos nele por comodismo, dependência emocional, ou se realmente vale a pena salvar o casamento. E isso tudo culmina no desfecho que poderá dividir opiniões. E é aí que a música “2 become 1” faz sentido. Não é o melhor filme de terror do ano, mas a sua premissa interessante e inovadora o faz entrar no top 10.




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JUNTOS (TOGETHER)


Ano: 2025

Direção: Michael Shanks

Distribuidora: Diamonds filmes

Duração: 102 min

Elenco: Dave Franco, Alison Brie, Damon Herriman



NOTA: 8,5


















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