CRÍTICA | EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO (2025)

Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
19 de ago.
3 min de leitura

O primeiro Pânico, de 1996, revolucionou o subgênero do terror/slasher, que já estava desgastado com diversas sequências bem inferiores aos seus originais, resultando um total de seis filmes até então. Com Pânico, um onda de filmes sobre um assassino mascarado perseguindo adolescentes começou a surgir, fato esse que marcou a segunda metade da década de 90 até meados de 2000. Entre eles, um teve uma popularidade tão grande quanto Pânico, principalmente por ser do mesmo roteirista, Kevin Williamson: “Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado”. O terror teve uma sequência, feita as pressas, “Eu Ainda Sei...”, que apesar de seus diversos erros, ainda era um ótimo filme, e também um horroroso terceiro filme que nem vale mencionar.

E indo nessa moda atual de revisitações de filmes das décadas passadas – Halloween, em 2018, deu um pontapé inicial -, e continuando com Pânico, e até Premonição, a Sony decidiu fazer um “revival” tenebroso de “Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, que traz de volta os atores dos filmes originais, Jeniffer Love Hewitt e Freddie Prinze Jr repetindo seus papeis que o levaram ao estrelato. A dinâmica da história é a mesma do filme de 1997, cinco amigos, Ava (Chase Sui Wonders), Danica (Madelyn Cline), Teddy (Tyriq Withers), Milo (Jonah Hauer-King) e Stevie (Sarah Pidgeon) acabam causando a morte de um homem no feriado de 4 de julho na cidade litorânea de Southampton. Um ano depois, alguém manda uma carta escrita “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, e o famoso assassino com roupa de pescador e um gancho, retorna para se vingar. Mas agora, eles decidem recorrer aos dois sobreviventes do massacre original, Julie James e Ray.

O novo “Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado” não tem o roteiro de Kevin Williamson, então o resultado não poderia se diferente: uma decepção total, especialmente para quem é fã dos dois primeiros filmes. A trama da uma atualizada para os dias atuais, e mostra uma Southampton mais modernizada, mas mantém vários elementos e referências ao filme original, o que vai ser bastante nostálgico para os fãs. Mas a trama é muito corrida, tem diversos furos, não tem aquele suspense característico da franquia, optando por uma pegada mais cômica, sem contar que o acidente inicial é sem graça e muito fraco. O ponto positivo são as mortes violentas, gráficas, e com muito sangue – que vai na contramão do primeiro filme -, além de algumas perseguições mais intensas e bem-produzidas. A investigação para descobrir a identidade do assassino também é interessante, deixando o espectador curioso para descobrir logo sobre o novo mistério, e algumas revelações até que são surpreendentes, mas é só. E quanto aos personagens? Chatos. A maioria não tem personalidade e muito menos carisma, alguns são exagerados, e não convencem em nada; lembrando que Jeniffer Love Hewitt, Freddie Prinze Jr, Sarah Michele Gellar, e Ryan Philippe também eram quase que desconhecidos e estavam no início de suas carreiras. Julie James e Ray voltam em participações especiais, agora ajudando os protagonistas a desvendar o mistério sobre o assassino, servindo mais para a nostalgia mesmo, e até me admira Jeniffer e Freddie terem aceitado fazer o filme depois de ler o roteiro. Talvez pela revelação do assassino?

Aliás, a revelação do assassino (ou dos assassinos) vestindo a roupa de pescador e com o famoso gancho, com certeza vai dividir opiniões, principalmente quem é fã da franquia, - eu, particularmente, odiei, porém, realmente foi uma grande surpresa e é o ponto alto do filme -. No fim, o novo “Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado” é um filme bem fraco, servindo apenas para a nostalgia com as referências ao primeiro e as participações de Julie e Ray, e pelas mortes sangrentas que lembram bastante os “slashers” dos anos 90. A parte mais legal e interessante do filme é a cena pós-créditos, que deixa um “gancho” para uma possível sequência, e mesmo sendo um filme sem a alma dos dois primeiros filmes, com personagens chatos e sem carisma nenhum, ainda acho que poderia ter uma sequência. Quem sabe consertem o erro que cometeram com esse filme. E por favor, tragam de volta o roteirista Kevin Williamson.