CRÍTICA | DEUSES DO EGITO
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 27 de fev. de 2016
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de mai.

Desde o início do cinema, os filmes épicos nos levam à mundos incríveis, onde conhecemos os costumes de uma geração, se tornando grandes clássicos e referências até hoje, e Deuses do Egito é a nova aposta do gênero. Ao invés de mostrar uma história envolvendo lendas gregas - como são a maioria dos épicos -, agora o diretor Alex Proyas nos leva aos grandes deuses do Egito e suas lendas da vida após a morte. Envolto de muita polêmica, e até com pedidos de desculpas do diretor pelo fato de ter atores brancos em um filme que se passa no norte da África, Deuses do Egito decepciona em um épico chato repleto de clichês. Na trama, Horus (Nikolaj Coster Waldau) está sendo coroado como o novo Deus do Egito, quando seu tio, Seth (Gerard Buttler), aparece e rouba os seus olhos, matando o pai dele, e assim, tomando o lugar para comandar o Egito. Exilado, Horus recebe ajuda de um mortal ladrão com boas intenções, Bek (Brenton Thwaites), em troca dele ajudá-lo a recuperar o trono para ressuscitar a sua amada Zaya (Courteney Eaton), já que somente um Deus pode fazer isso. Chadwick Boseman, Geoffrey Rush e Rufus Sewell também estão no elenco.
O maior problema de Deuses do Egito é o roteiro, que também foi escrito por Alex Proyas. A ideia é interessante ao mostrar as lendas do Egito, e é até mais legal do que as lendas gregas, mas não consegue prender muito a atenção do espectador, seja pelo desenrolar da história, os clichês básicos, ou pelo excesso de CGI mal feitos exagerados e fantasiosos demais, parecendo um jogo de RPG, além de as cenas de ação serem rápidas demais. A primeira parte, a posse do novo Deus e a primeira batalha, é bastante promissora, mas depois, o enredo é praticamente uma jornada dos personagens em busca de uma solução, e no caminho eles enfrentarão vários perigos, muito fáceis de serem resolvidos e sem nenhuma carga dramática. Outro problema é o humor, demais para um longa épico, grande parte envolvendo o romance entre o Deus Horus e sua amada Neftis, perdendo todo o clima de um filme sério; por mais que seja uma fantasia épica, humor em excesso estraga tudo.

Mas o filme tem vários pontos positivos também. Começando pelos belos cenários do Egito, uma ótima direção de arte e fotografia de encantar os olhos, como o lugar onde mora o Deus do sol Rá, o mundo dos mortos onde as almas são julgadas, o reino de Seth; esse talvez seja o grande mérito da produção. Ainda, os roteiristas seguiram fielmente as lendas egípcias, os Deuses com suas devidas funções, além de mostra-los em tamanho maior que os mortais, e que sangravam ouro, detalhes que deixaram o filme mais fiel. E apesar dos efeitos especiais serem exagerados, as cenas de ação são boas e grandiosas, principalmente a longa cena final. Outro problema são os personagens mal desenvolvidos com suas motivações que se limitam a vingança, poder e claro, o amor. O melhor em cena é Gerard Buttler e seu vilão Seth, cheio de maldades, onde o ator as desenvolve bem. O personagem de Nicolaj Waldau, passa a impressão de ser antipático e não se importar com nada, apenas nele mesmo e na sua vingança. Quem se destaca também é Brenton Thwaites, o mortal Bek, um ladrãozinho/ herói apaixonado com boas intensões que entra nessa aventura para salvar a sua namorada Zaya. Seu personagem esbanja carisma e suas motivações são as melhores possíveis. O mais fraco de todos é Chadwick Bonseman e seu estranho deus da sabedoria Toth, personagem que era pra ser engraçado, mas se torna bizarro demais para um Deus Egípcio. O elenco feminino não se destaca o suficiente para ter personagens marcantes, se limitando a sacrifícios; poderia ter uma mulher que mostrasse força e determinação.
Mesmo com uma ótima direção de arte, Deuses do Egito é fraco, não prende muito a atenção com seu enredo básico e sem emoção nenhuma. A ideia de mostrar as lendas dos Deuses egípcios é muito interessante, mas o filme não soube fazer isso direito, exagerando em vários aspectos, sendo os efeitos e o humor excessivo os mais "marcantes". Alex Proyas tenta fazer um épico interessante e ambicioso, mas acaba nos entregando um filme fraco. Mas Deuses do Egito poderá entreter muitos pelas cenas de ação, belos cenários, com os Deuses bem representados e por seguirem fielmente as lendas do antigo Egito, mas não é suficiente para se tornar um clássico do gênero.

DEUSES DO EGITO (GODS OF EGYPT)
Ano: 2016
Direção: Alex Proyas
Distribuidora: Paris Filmes
Duração: 126 min
Elenco: Gerard Butler, Nikolaj Coster Waldau, Courteney Eaton, Chadwick Boseman, Geoffrey Rush e Rufus Sewell
NOTA: 5,0
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