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CRÍTICA | DEIXE-ME ENTRAR

  • Foto do escritor: Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
    Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
  • 30 de set.
  • 4 min de leitura

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Os anos 2000 foram marcados pelas refilmagens norte americanas – principalmente na segunda metade da década -, tanto de filmes estrangeiros quanto das próprias produções americanas mais antigas. Em 2008, o filme sueco “Deixa Ela Entrar (Let The Right One In)”, de Tomas Alfredson, fez o maior sucesso pelos festivais do mundo todo, inclusive ganhando destaque aqui no Brasil, com a história de um garotinho que sofre bullying na escola, e que acaba fazendo amizade com uma garota – que revela ser uma vampira -. Naquele ano, os filmes de vampiros estavam em alta com a saga Crepúsculo, e então, o diretor Matt Reeves (de Cloverfield – Monstro) comprou os direitos para fazer uma refilmagem do filme sueco, alterando o nome para “Let Me In”, Deixe-me Entrar (parece que os americanos tem preguiça em ler legendas). Se você assistiu a versão original, não vai sair decepcionado, já que Reeves manteve a trama e os acontecimentos idênticos – praticamente um “copia e cola” -, mas com alguns detalhes menores diferentes, e claro, com aquele típico toque americano. A trama segue a mesma, mas agora, ao invés de se passar em uma cidade na Suécia, o novo filme acontece no estado do Novo México: Owen (Kodi Smith-McPhee) é um garotinho solitário que mora com a mãe divorciada, e que sofre bullying na sua escola. Ele acaba fazendo amizade com a sua nova vizinha, a garotinha Abby (Chloe Grace Moretz), que acaba revelando ser um vampiro. Richard Jenkins, Cara Buono, e Dylan Minette também estão no elenco.


Deixe-Me Entrar é um dos poucos casos em que a refilmagem é tão boa quanto a versão original. O diretor Matt Reeves mantem toda a essência, a história e os principais acontecimentos do filme de Tomas Alfredson, mas o remake acaba melhorando em alguns aspectos, como o ritmo que fica mais dinâmico, e a violência, que é bem maior – como de costume nos filmes americanos -, além de ter mais elementos de horror. Em “Let Me In”, os vampiros não brilham no escuro, ou sobrevivem na luz do dia, Reeves mantém os clássicos elementos dos filmes de vampiros: pegam fogo com a luz do sol, precisam de permissão para entrar, só podem se alimentar de sangue humano; Alfredson também faz o mesmo em seu filme. Mas o principal ponto que o faz se diferenciar das outras produções do gênero, é a forma como a história é contada. Não é somente um filme de terror, mas também é um drama, até um romance inocente, abordando temas sobre o bullying, as primeiras paixões, a solidão; é delicado e assustador ao mesmo tempo. A parte técnica também é ótima, e funciona perfeitamente com a produção. O ambiente gélido da cidade, com a neve, e árvores secas, dá o tom melancólico e triste que a produção precisa, além e ser um pouco mais sombrio do que o original, combinando com a escolha de tornar “Deixe-Me Entrar” mais violento. Os efeitos em CGI as vezes parecem ser um pouco exagerados, principalmente quando Abby ataca as vítimas, indo na contramão do filme de Tomas Alfredson, que optou por usar mais efeitos práticos. 


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Matt Reeves também assinou o roteiro de Deixe-Me Entrar, e desenvolve bem os personagens, centrando mais no relacionamento e na cumplicidade de Abby e Owen do que no terror em si. Lina Leandersson e Kåre Hedebrant, que estrelaram a versão original, agora dão lugar a Chloe Grace Moretz e Kodi Smith-McPhee nos papeis do garotinho que sofre bullying na escola e da garotinha vampira. O bullying de Owen é mais evidenciado no remake, ele sofre muito mais nas mãos dos seus colegas, assim como fato de se sentir sozinho – mesmo tendo uma mãe e um pai, que é ausente -, e o jovem ator Kodi McPhee demonstra bem as nuances de seu personagem, tímido, deprimido, com uma família desestruturada, e que aceita passivamente tudo o que fazem com ele (até a chegada de Abby). Chloe Grace Moretz, que estava em alta na época do lançamento do filme, interpreta a garotinha vampira Abby, com uma atuação natural e convincente, demonstrando a dualidade da personagem - doce, inocente, carismática, mas também cruel, fria, e sedenta por sangue humano -.  No remake, a personagem ganhou uma aparência mas feminina do que a do original sueco. De rosto conhecido, ainda tem Dylan Minette, de Homem Nas Trevas, Pânico 5, e da série 13 Reasons Why, que interpreta um dos estudantes que pratica bullying contra Owen, e Richard Jekins, que interpreta o “pai" de Abby, que acaba se tornando um “serial killer”, já que ele mata outras pessoas para tirar o sangue e dar para alimentar a Abby. No original, não fica evidente se o “pai” de Eli (a garotinha vampira), já estava com ela ainda quando tinham a mesma idade, mas o remake meio que responde essa dúvida.


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Talvez, Deixe-me Entrar seja mais um drama sobre amizade e amor puro do que um filme de terror em si, ainda mais que o filme retrata isso de uma forma bonita, inocente, como se realmente Abby e Owen se conectassem. Apesar de não ter sido necessário uma refilmagem – mas os americanos têm preguiça de ler legendas - “Let Me In” é tão bom quanto o original de 2008, mantendo a mesma história e os acontecimentos, mas com um toque “americano”, com mais violência e sangue. “Deixe-me Entrar” é melancólico, triste, tem drama, suspense, terror, uma trama muito bem estruturada, personagens interessantes, uma boa pedida para quem quer assistir algo diferente envolvendo vampiros. O filme sueco tem uma proposta mais cult, um desenvolvimento mais lento e que o grande público não está acostumado, já a versão americana é mais “fácil” de assistir, e apesar de ter o mesmo argumento e acontecimentos, consegue ser mais dinâmico.



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DEIXE-ME ENTRAR


Ano: 2010

Direção: Matt Reeves

Distribuidora: Hammer Filmes

Duração: 108 min

Elenco: Chloe Grace Moretz, Kodi Smith-McPhee, Dylan Minette, Richard Jekins


NOTA: 9,0


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