CRÍTICA | CORRA!

Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
19 de mai. de 2017
2 min de leitura

Atualizado: 9 de mai.

Existem filmes de suspense e terror que são batidos, repetitivos, e que focam em sangue, assassinatos e sustos. E tem outros que são inteligentes e inovadores, e tem sustos, sangue também, e esse é o caso do novo filme do diretor Jordan Peele, Corra! Trata-se de um longa muito original, repleto de suspense, com uma reviravolta incrível, e uma crítica social atual e muito importante. Na trama, Chris Washington (Daniel Kaluuya), um jovem negro, está namorando Rose Armitrage (Allison Williams), uma moça branca, que o convida para conhecer seus pais na casa de campo deles. Sem se sentir à vontade na casa dos pais de sua namorada, ele começa a presenciar coisas estranhas, e acaba achando que algo está errado. Bradley Whitford, Catherine Keener, Lil Rel Howery e Betty Gabriel estão no elenco.

Jordan Peele, que também escreveu o roteiro, nos entrega um brilhante suspense psicológico que mantém a atenção do espectador o momento todo. O filme é eficiente em construir um clima de suspense e terror, e toda a sensação de perigo que o personagem sente acaba passando para o público, que fica curioso para entender o que realmente está acontecendo. Mas Corra! não é somente um bom filme de terror e suspense, também é uma critica de como o negro é tratado pela sociedade branca, e o medo e as desconfianças que eles sentem, seja através de piadas, comentários que podem não parecer racistas, e a erotização do negro. E Peele utiliza isso através do humor ácido, como por exemplo: “se eu pudesse, eu votaria pela terceira vez em Obama”, frase dita pelo pai de Rose, ou, “não sou racista, mas tenho empregados negros”.

Em relação aos personagens, cabe dizer que todos estão ótimos, e muitos não são o que aparentam ser, enganando o espectador, graças a excelente direção de Peele. Daniel Kaluuya é o namorado que entra na saia justa de conhecer os pais da namorada, interpretada por Allison Williams, da série Girls. Daniel se sai bem ao retratar todo o seu incomodo em estar na casa dos pais dela, e Allison é a única que parece estar do lado dele, já que a família toda está agindo estranhamente. Bradley Whitford, Catherine Keener, os pais da garota, representam a típica família conservadora, mas, estranhamente, não parecem ser, e se distanciam do seu comportamento. O alívio cômico é por conta de Lil Rel Lowery, um policial e amigo de Chris, que é também confidente. Destaque para Betty Gabriel, que interpreta a empregada Georgina, que também age estranhamente, criando situações tensas e assustadoras.

Eis que chega o momento tão aguardado sobre a revelação de todo o mistério, que se conclui de uma forma brilhantemente doida, cheio de surpresas e reviravoltas que jamais perceberíamos, o que torna “Corra” um filme divertido e original, que trata o racismo de uma forma bastante inusitada e diferente. E com um “plot twist” desses, impossível não sair comentando sobre, fazendo com que essa critica entre no meio e gere comentários e discussões importantes. Um filme brilhante.

AVISO: O trailer mostra muitos spoilers, veja só se quiser.