CRÍTICA | ANIMAIS PERIGOSOS
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 3 de out.
- 3 min de leitura

Desde o lançamento de Tubarão, de Steven Spielberg, o cinema sempre explorou esses predadores marinhos, muitas vezes relacionando-os como monstros. E diferente dos outros filmes de monstros, os tubarões existem e podem atacar qualquer pessoa, e isso torna os filmes ainda mais assustadores e realistas; claro que algumas produções acabam sendo exageradas e com tramas mirabolantes. Tem filmes que a gente não espera nada, mas entregam tudo, e esse é o caso de Animais Perigosos, dirigido por Sean Byrne (de Entes Queridos). Você deve estar pensando, “ah, mais um filme com tubarões assassinos”, mas saiba que você vai acabar se surpreendendo: “Dangerous Animals”, no original, tem uma premissa b em diferente, e mostra que os “monstros” não são os tubarões, mas sim o ser humano, no caso, o personagem de Jai Courtney (da franquia Divergente). Na trama, Courtney interpreta Tucker, que trabalha em um barco levando turistas para mergulhar com tubarões. Porém, ele acaba revelando ser um serial killer que sequestra suas vítimas, as usa como alimentos para os predadores marinhos, e ainda grava o ato. A vítima da vez é a andarilha e surfista Zephyr (Hassie Harrison), que é sequestrada por Tucker após passar a noite com o jovem Moses (Josh Heuston), que mais tarde suspeita do sumiço da jovem, e decide procurá-la.
À primeira vista, Animais Perigosos parece mais um filme em que um grupo de pessoas são atacados por tubarões em alto mar, mas que no fim, acaba sendo um thriller de serial killer bem diferente envolvendo tubarões. “Dangerous Animals” é um filme que surpreende, seja pela trama bem estruturada, dinâmica, direta, cheia de tensão, e que faz o espectador entrar na situação dramática dos personagens, ou até pelas cenas violentas, com muito sangue e corpos mutilados quando os tubarões acabam devorando as vítimas do assassino Tucker. Sean Byrne pega o espectador de surpresa em diversos momentos – uma em específico envolvendo o personagem de Josh Heuston -, a situação toda de estar pendurado por um guindaste com os tubarões abaixo dos teus pés prontos para te pegar, é realmente intensa. O filme não foge dos clichês típicos de filmes de tubarão, como as resoluções fáceis e previsíveis, a mocinha fugindo diversas vezes, e que acaba sendo pega de novo, os personagens que vão morrer, mas nada de tão horrível assim, são clichês inevitáveis e que não atrapalham nada.

Hassie Harrison (Zephyr), Josh Heuston (Moses), e Jai Courtney (Trucker) são os protagonistas de Animais Perigosos, e tem atuações competentes que ajudam no clima de tensão e desespero dos seus personagens. Zephyr é uma “final girl” no melhor estilo, com um carisma incrível no papel de uma surfista andarilha que mora em um trailer, e Moses é o mocinho romântico que se apaixona por ela, e que vai procurá-la (eles formam um par romântico e combinam perfeitamente) – Zephyr é sequestrada e levada para o barco do antagonista -. E falando nele, Jai Courtney cria um assassino em série cheio de trejeitos caricatos, cruel, masoquista, desagradável, e assustador, mostrando que ele realmente é o monstro, o “animal perigoso” do título, e não os tubarões. Trucker usa os animais de forma obsessiva, quem mata as vítimas acabam sendo os próprios tubarões, que nada mais estão ali por instinto, com uma presa fácil para se alimentarem.
Animais Perigosos é uma das gratas surpresa do ano, um filme diferente e surpreendente – mas não leve ao “pé da letra”, porque também não é tudo isso -, não é um filme que inventa a roda, tem seus problemas básicos, mas tem ritmo, é dinâmico, violento para quem gosta, os personagens são cativantes e convencem, enfim, um bom filme que pode não fazer sucesso nas salas de cinema (e parece que não fez mesmo), mas que provavelmente terá seu reconhecimento em algum serviço de streaming. Dangerous Animals não deixa de ser uma história de sobrevivência – como Mar Aberto e Águas Rasas – e em um subgênero saturado de produções parecidas, é um ótimo respiro para o seu público. Realmente é aquele filme que a gente não espera nada, mas que acaba entregando tudo.

ANIMAIS PERIGOSOS
Ano: 2025
Direção: Sean Byrne
Distribuidora: Diamond Filmes
Duração: 98 min
Elenco: Hassie Harrison, Josh Heuston, e Jai Courtney
NOTA: 8,0






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