CRÍTICA | A MORTE DE UM UNICÓRNIO
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 1 de ago.
- 4 min de leitura

Você está dirigindo em uma estrada no meio da floresta, e do nada você atropela um animal. Isso é algo que as vezes pode acontecer, mas aí, você descobre que o animal que você atropelou é um unicórnio. Esse plot surreal só podia vir de um filme chamado “A Morte de Um Unicórnio”, da produtora A24, que vem se destacando no gênero do suspense/terror nos últimos anos, com produções totalmente “fora da casinha”, e que acabam entregando alguns dos melhores filmes do gênero. Os unicórnios são seres mitológicos que são associados a pureza, diz a lenda que eles têm poderes de cura, e são representados como um cavalo branco com um único chifre, mas não se sabe ao certo sobre as suas origens, onde os primeiros indícios registrados são da Pérsia antiga. A Morte de Um Unicórnio é um filme bem diferente, uma fábula com uma ótima crítica social, e que se você não entrar com tudo na história, e ter a mente aberta, poderá achar um filme chato e estranho – e não deixa de ser estranho, na verdade -. Na trama, Elliot (Paul Rud) está indo com sua filha, Ridley (Jenna Ortega) para a casa de campo de um milionário, Odell (Richard E. Grant), para fechar um negócio. No caminho, eles acabam atropelando um unicórnio, e o levam até a casa. Ao mesmo tempo que eles descobrem que o sangue da criatura consegue curar doenças, eles são atacados pelos pais do unicórnio, e precisam lutar pelas suas vidas. Tea Leoni e Will Poulter também estão no elenco.

A Morte de Um Unicórnio é uma fábula de terror que faz uma crítica moral e social sobre a ganância humana, a exploração de um item valioso por milionários para benefício próprio – aqui, no caso, o sangue milagroso do unicórnio -. O filme de estreia do diretor Alex Scharfman é bem simples, vai direto ao ponto, entrega o que promete, e faz as críticas que tem que fazer de forma bastante eficiente. E além dessa crítica moral e social, a produção tem bastante humor ácido e piadas, todas dentro do contexto, e não parecem ser forçadas demais – mas em alguns casos são -, nada é aleatório e tudo tem um significado para a trama, que também explora a mitologia dos unicórnios, quando a personagem de Jenna Ortega começa uma investigação sobre essas criaturas para encontrar uma forma de se salvarem. Algumas cenas lembram bastante a segunda metade de Jurassic World: Reino Ameaçado, especialmente quando os unicórnios começam a perseguir os personagens dentro da mansão. Além disso, o filme tem mortes bem violentas, com sangue, gore e vísceras, cenas que podem causar um certo choque no espectador, mas nada de tão exagerado ou trash. E apesar de os unicórnios serem tratados como monstros, o filme nunca deixa de mostrar as criaturas místicas e fascinantes que são, conseguimos ficar preocupados com eles, e é totalmente compreensível do porquê eles atacarem a família rica.

Death Of a Unicorn, no original, é um daqueles filmes que você vai facilmente odiar alguns personagens, inclusive querer que eles tenham um fim sofrível, já que a maioria são chatos demais, principalmente pela ganância em explorar os unicórnios, mas faz parte da personalidade deles, e o roteiro já os desenvolveu dessa forma. A personagem de Jenna Ortega é a melhor e mais sensata personagem do filme, a única que realmente está preocupada com a situações dos unicórnios. O roteiro também foca no drama pessoal de sua personagem com seu pai, interpretado por Paul Rudd – ingênuo, se deixa levar pela ganância, e que as vezes parece estar perdido -, abordando temas como luto e a relação entre pai e filho, mas que não é bem desenvolvido, atrapalhando um pouco o emocionante desfecho. Will Poulter, Tea Leoni, e Richard E. Grant estão totalmente caricatos, com atitudes típicas de uma família rica e oportunista, e já é o suficiente para o público ficar com raiva deles. E por mais que sejam irritantes demais, acabam se destacando pela sua natureza excêntrica. O patriarca convence como um oportunista e ganancioso empresário que só pensa em lucrar com o sangue dos unicórnios, a personagem de Téa Leoni cumpre o papel de mesquinha e que só usa roupas caras, mas pelo menos rende uma cena bem gore, e Will Poulter é o filho mimado, patético e medroso.

A fotografia, os cenários, e o visual dos unicórnios são incríveis, com efeitos psicodélicos e auroras boreais duvidosas que ajudam no tom mais fantasioso que a produção tem. O problema são alguns rumos que o roteiro leva, principalmente sobre a questão dos cientistas e dos militares – E.T.: O Extraterrestre mandou lembranças – sobre o uso do sangue como estudos para uma arma biológica, o que é bem interessante, mas não é algo tão original nos dias de hoje; poderia ser algo mais simples. No mais, A Morte de Um Unicórnio é um filme com uma proposta bem diferente, mas que chama bastante a atenção, tem ótimas sequências de perseguição com os unicórnios, o timing cômico funciona, o humor não é exagerado, os personagens cumprem o papel de irritar o espectador, além de trazer vários elementos dos filmes B, com muito sangue, vísceras, e cenas gore. Não é um filme para se levar tão a sério, é estranho e inusitado, mas as vezes diverte, e provavelmente não será considerado um filme cult no futuro.

A MORTE DE UM UNICÓRNIO
Ano: 2025
Direção: Alex Scharfman
Distribuidora: A24/ Universal Pictures
Duração: 107 min
Elenco: Paul Rudd, Jenna Ortega, Will Poulter, Téa Leoni, e Richard E. Grant
NOTA: 8,0








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