CRÍTICA | A CIDADE DOS AMALDIÇOADOS
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 24 de set.
- 4 min de leitura

Embora a maioria dos seus filmes não tenham feito o sucesso merecido, o diretor e produtor John Carpenter tem alguns dos filmes de terror mais marcantes e importantes do cinema – o primeiro Halloween, de 1979, O Enigma de Outro Mundo, de 1982, Fog – A Bruma Assassina, de 1980, por exemplo -, e que acabaram sendo reconhecidos somente décadas depois. E o filme em questão, A Cidade dos Amaldiçoados, provavelmente é um dos seus trabalhos mais esquecidos, e pode ser um pouco ultrapassado se você assistir nos dias de hoje, mas a sua trama sobre crianças de cabelo platinado com poderes paranormais é no mínimo interessante e nostálgico. Estrelado por Christopher Reeve (o eterno Superman) e Kristie Allen, “Village Of The Damned” se passa na pacata cidade de Midwich, quando toda a população da cidade, incluindo os animais, desmaiam sem motivo nenhum. Não demora muito para que o governo americano, liderado pela agente Susan Verner (Kristie Allen), chegarem na cidade, e quando todos acordam do desmaio, eles decidem iniciar uma investigação. Porém, o mais bizarro ainda estava para acontecer: todas as mulheres da cidade ficaram grávidas ao mesmo tempo, dando luz a crianças com comportamentos estranhos e poderes de controlar a mente das pessoas. Mark Hammil, Linda Kozlowski, Thomas Decker, Lindsay Haun, e Michael Paré também estão no elenco.
A Cidade dos Amaldiçoados é uma refilmagem do filme de 1960, A Vila dos Amaldiçoados, que por sua vez é baseado na obra “The Midwich Cuckoos”, de John Wyndham, lançado em 1958, misturando terror e ficção no melhor estilo de John Carpenter. Os elementos de seus filmes estão lá: o mistério, os momentos antes do primeiro acontecimento, a introdução dos personagens, a apresentação da cidade, e essa dinâmica, junto com a trilha sonora, lembra um pouco outra produção do diretor, “FOG – A Bruma Assassina”. E a trama por si só já chama a atenção – os desmaios, as gravidez, a interferência do governo -, mas principalmente sobre o mistério envolvendo as crianças, que já começa desde o início, e mesmo o ritmo sendo um pouco lento, prende a nossa atenção com os acontecimentos ao longo do filme. E se você espera alguma explicação mais profunda sobre a origem das crianças, e o motivo de as mulheres engravidarem no momento dos desmaios, não vai ter. E isso é um ponto positivo, porque o desconhecido deixa tudo ainda mais assustador. Uma ressalva aqui é que faltou um pouco mais tensão, e as mortes são bem fracas – a maioria fica subentendido -, o que não explica a classificação etária ter sido para maiores de 18 anos, além de que os efeitos especiais ficaram um pouco ultrapassados para os dias de hoje, e podem parecer engraçados.

Não é de hoje que o cinema retratou crianças malvadas em filmes suspense e terror: A Tara Maldita e O Anjo Malvado tinham uma proposta mais realista, as crianças eram psicopatas, e A Profecia e Cemitério Maldito iam mais para o lado sobrenatural - Damien era a reencarnação do demônio, e em Cemitério Maldito o garotinho Creed voltou a vida através de um cemitério indígena -. Já A Cidade dos Amaldiçoados segue para o lado da ficção científica, mostrando crianças com poderes sobrenaturais; o roteiro não explica precisamente o que as crianças são, mas provavelmente sejam extraterrestres. Cada criança tem um par – um menino e uma menina – para preservar a “espécie”, são extremamente inteligentes, conseguem ler a mente das pessoas, e irão fazer de tudo para se autopreservar, principalmente forçando-as a se matar. Entre as crianças de cabelo platinado e de comportamento antissocial que tocam o terror em Midwich, se destacam Mara (Lindsay Haun), a líder do grupo – e que vem a ser a filha do personagem de Christopher Reeve -, e o garotinho David (Thomas Decker) o único que é sozinho – seu par morreu durante o parto -, e também o único que demonstra ter sentimentos humanos. As atuações do elenco humano não tem nada demais, a maioria parece ficar no “piloto automático”, mas nada de tão desastroso porque A Cidade dos Amaldiçoados não é um filme sobre atuações. Christopher Reeve estrela a produção, e esse é o seu último filme antes do acidente que o deixou paraplégico, interpretando o médico da cidade, o dr. Allan. Kristie Alley interpreta a agente do governo dra. Susan Verner, que lidera a investigação com seu tom debochado, Mark Hamill – o eterno Luke Skywalker de Star Wars – é o reverendo George, e Linda Kozlowski é Jill, mãe do garotinho David.

A Cidade dos Amaldiçoados pode não ser o melhor trabalho de John Carpenter, e apesar do fracasso de público e crítica na época, o filme acabou se tornando um clássico cult dos anos 90 principalmente pelo apelo nostálgico. Não é um filme de atuações, os efeitos especiais já estão datados – são efeitos típicos dos anos 90 -, mas a premissa é interessante, o mistério vai instigando o espectador, e as crianças são bem estranhas. A parte final pode ser um pouco bizarra – quando o personagem de Reeve cria uma parede de tijolos para bloquear os seus pensamentos -, e o desfecho deixa em aberto para uma continuação que nunca teve, indo da imaginação de quem assiste. “Village Of The Damned” é bem interessante e vale a pena dar uma conferida; no mínimo, você vai achar intrigante.

A CIDADE DOS AMALDIÇOADOS
Ano: 1995
Direção: John Carpenter
Distribuidora: Universal Pictures
Duração: 99 min
Elenco: Christopher Reeve, Kristie Allen, Mark Hammil, Thomas Decker, Lindsay Haun, e Michael Paré
NOTA: 7,5
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