CRÍTICA | A CHEGADA
- Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
- 24 de nov. de 2016
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de mai.

Existem aqueles filmes inteligentes que te fazem pensar e que você pode sair do cinema sem entender quase nada do que acabou de assistir; Interestelar, de Cristopher Nolan, é um grande exemplo disso. Agora, o filme da vez é A Chegada, dirigido por Denis Villeneuve, que misturando drama pessoal e comunicação linguística, com uma abordagem cientifica e militar. Na trama, doze naves alienígenas chegam na Terra, pousando em doze lugares diferentes do planeta. No território americano, a professora, e especialista em linguística, Dra. Louise Banks (Amy Adams), junto com o renomado matemático Ian Donnelly (Jeremy Renner), são convocados para estabelecer uma comunicação com os recém chegados e descobrir as suas intenções no planeta. Forest Whitaker e Michael Stuhlbarg também estão no elenco.
Baseado no conto A história da Sua Vida, de Ted Chiang, o diretor Denis Villeneuve nos entrega um dos filmes mais interessantes do ano, cheio de mistério e suspense que te prendem a atenção a todo instante, e que tem uma surpreendente reviravolta. O enredo de A Chegada funciona como um quebra cabeça, com imagens e “flashbacks” que podem ajudar a personagem a desvendar o mistério sobre a chegada dessas naves, e também, fazer o público entender o que está acontecendo. Ainda no enredo, a tensão fica por conta de não sabermos do motivo deles terem vindo para a Terra, e também, até onde e como as nações de cada país respondem a essa possível ameaça. Governos que não se entendem, diplomacia, crises políticas, autoridades, qualquer passo tomado podem fazer com que os seres comecem um ataque. Junto com tudo isso, ainda tem o drama pessoal da dra. Louise envolvendo sua filha, com bastante sensibilidade, e a forma como ela e o matemático Ian tentam se comunicam com os seres é bastante criativa e original.

Amy Adams faz um incrível trabalho na sua personagem, a dra. Louise, ao retratar o seu drama, e ao mesmo tempo, a sua emoção por estar fazendo parte disso tudo. Ela é a chave para resolver todo o mistério. Jeremy Renner, o matemático Ian Donnelly, serve como um alívio cômico, dada a sua reação ao conhecer os seres alienígenas, como uma criança em um parque de diversões. Forest Whitaker é o agente militar Weber, que ajuda Louise e Ian na tentativa de se comunicar, fazendo um personagem que, apesar do seu jeito durão, não cai no clichê de ir contra os dois cientistas, sempre entendo e os ajudando. E como os seres são personagens também, vale destacar por não os mostrarem como seres bípedes, como estamos acostumados a ver.
À medida que a história vai chegando no final, as peças vão se encaixando, e no momento de sua grande reviravolta, temos a surpresa de que tudo que tínhamos visto, estava completamente errado, e ficamos perplexos diante dessa revelação. A Chegada ainda toca em assuntos interessantes: nós, que dizemos que somos seres avançados, se tornamos primitivos na forma de comunicarmos, e a forma como reagimos diante de uma ameaça alienígena, onde ficamos frágeis, com medo, achando que o único motivo que os alienígenas querem é destruir a Terra, e também, como a gente fica indefeso, mostrando o lado cruel do ser humano. No fim, o filme de Denis Villeneuve não é apenas sobre invasão alienígena, vai muito além disso, questionando nossas ações, carregado no suspense e mistério. Um dos melhores filmes de ficção.

A CHEGADA (ARRIVAL)
Ano: 2016
Direção: Denis Villeneuve
Distribuidora: Sony Pictures
Duração: 116 min
Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker e Michael Stuhlbarg
NOTA: 9,0
Disponível no




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