CRÍTICA | NADA DE NOVO NO FRONT

Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
21 de fev. de 2023
3 min de leitura

Atualizado: 17 de dez. de 2024

Vencedor de 04 Oscar: Filme Internacional, Fotografia, Trilha Sonora,

Direção de Arte

Nada De Novo No Front, produção alemã disponível na Netflix, está indicado a 09 Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Filme Estrangeiro, e retrata os anos finais da 1ª Guerra Mundial entre a Alemanha e França. Filmes de guerra não são novidades no cinema, e muitas produções marcaram gerações e ganharam vários prêmios. Mas o filme de Edward Berger não pretende inovar o gênero, ou ser algo mais cultuado, e sim apenas mostrar a chocante realidade de um campo de batalha através do olhar inocente de um jovem soldado, Paul (Felix Kammerer). Nada De Novo No Front é uma adaptação da obra homônima escrita por Erich Maria Remarque, que conheceu as trincheiras alemãs no meio da guerra e escreveu o livro baseado em suas experiências, e que também teve outra adaptação para o cinema em 1930. Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Daniel Brühl e Tobias Langhoff estão no elenco.

Nada De Novo No Front é um filme cruel, violento e impactante que mostra com realismo a crueldade de um campo de batalha. De forma sutil, a produção retrata o período final da Primeira Guerra Mundial a partir da visão do jovem Paul, que se vê iludido pelo governo alemão em participar da guerra por questões de honra e coragem. O jovem fica entusiasmado em participar de algo importante, mas aos poucos vai perdendo o brilho nos olhos quando presencia a dura realidade das trincheiras, vendo os seus amigos morrendo e a brutalidade das consequências da guerra, sempre focando no rosto do personagem que evidencia com perfeição a sua decepção. De forma linear, a trama mostra os eventos da guerra, as batalhas e a carnificina, enquanto o governo tenta negociar uma trégua, no que ficou conhecido como Armistício de Compiègne, em 1918, colocando um fim na 1ª Guerra Mundial. É interessante a crítica que Edward Berger faz em relação a todo o fascínio dos homens em querer lutar na guerra, como se tudo fosse resolver em um campo de batalha, mostrando quem é o mais forte, e questões sobre patriotismo.

Das 09 categorias do Oscar que Nada De Novo No Front recebeu, seis são da parte técnica, e a produção tem tudo para abocanhar algumas dessas estatuetas. O diretor Edward Berger consegue reproduzir muito bem os horrores de estar em um campo de guerra, com planos sequencias que acompanham os soldados correndo no meio das explosões, vendo seus companheiros morrendo, e o desespero e o arrependimento por terem se alistado para lutar na 1ª Guerra Mundial. Berger também consegue imergir o espectador para dentro do conflito, mostrando tudo nos mínimos detalhes, aliados a ótima fotografia - fria e com cenários gélidos da região -, principalmente nos momentos calmos, mostrando que pode ter um pouco de paz no meio da guerra.

Nada De Novo No Front tem cenas pesadas e violentas mostrando o horror da guerra com um impressionante realismo, e toda a crueldade que acontecia no meio das trincheiras, situações capazes de mexer com os nossos sentimentos. Felix Kammerer está incrível no papel do jovem soldado, e consegue transmitir para o espectador o desespero, a decepção e o arrependimento por ter escolhido ir para a guerra, e ele sente isso da pior forma: vendo seus amigos morrerem, e presenciando toda a crueldade que uma guerra proporciona. Não é tão dinâmico como um filme do gênero deve ser, e a trama linear tira um pouco da tensão em certos momentos, mas Nada De Novo No Front consegue prender a nossa atenção ao mostrar a realidade nua e crua de uma guerra, a mensagem que quer passar, e as belas paisagens geladas dos campos no interior da Alemanha.