CRÍTICA | ESQUADRÃO TROVÃO

Paulo Ricardo Cabreira Sobrinho
9 de abr. de 2021
3 min de leitura

Atualizado: 19 de dez. de 2024

A parceria entre Melissa McCarthy e o diretor Ben Falcone, que são casados na vida real, já vem de anos, resultando filmes como Tammy (2014), e A Chefa (2016). Agora, junto com o serviço de streaming Netflix, a dupla retorna com Esquadrão Trovão, comédia de super heróis que funciona mais como uma paródia escrachada e exagerada do gênero, mas que diverte dentro da sua proposta. A história se passa em uma realidade onde meliantes, humanos com super poderes, são uma ameaça para a população. Lydia (McCarthy) e Emily (Spencer) que se tornaram melhores amigas no colégio, se reencontram já adultas. Emily se tornou uma grande cientista que desenvolveu uma forma de combater os meliantes, e Lydia continua trabalhando na sua cidade natal em uma construtora. Após uma grande confusão, as duas amigas acabam ganhando super poderes, e agora, elas são a última esperança para deter os inimigos. Além de McCarthy, estão no elenco Octavia Spencer, Jason Bateman, Bobby Canavalle, Pom Klementieff, Melissa Leo, Taylor Mosby e Kevin Dunn.

Muita expectativa girou em torno de Esquadrão Trovão, incluindo o retorno de Melissa McCarthy no gênero da comédia, tendo em vista que a atriz estrelou ótimas produções, como As Bem Armadas e A Espiã que Sabia de Menos, que mais se encaixam com o filme em questão. O resultado: um fracasso de crítica, mas que fez um enorme sucesso entre o público, se tornando um dos filmes mais assistidos na Netflix. Thunder Force, no original, é uma comédia pastelão com piadas que, muitas vezes, não são engraçadas, e chegam até ser vergonhosas, tem um humor exagerado e apelativo, o que pode deixar muita gente receosa, mas funciona porque não é para ser um filme sério. A trama é interessante, aborda assuntos como amizade e formação dos filhos, além de trazer o mundo dos super-heróis de volta, subgênero que atrai muita gente. Mas o problema é que o diretor desenvolve sem nenhum aprofundamento, deixando furos no roteiro, não prendendo muito a atenção do público, e as cenas emotivas acabam não sendo eficientes. Ben Falcone se preocupa muito em deixar a produção engraçada, achando que isso é o suficiente. Até a reviravolta é insonsa de tão clichê que parece.

Melissa McCarthy e Octavia Spencer estrelam a produção, mostrando que as duas atrizes foram um dos certos de Esquadrão Trovão. A química entre elas é sensacional, se desenvolve naturalmente, e a história de amizade das personagens é fofa e diverte, criando um vínculo com o público. Mckarty já é experiente em comédias, exagerada e escandalosa, mas sempre engraçada, e aqui, ela repete a fórmula. Já sua colega de profissão, Spencer, raramente participa de um filme do gênero, se destacando mais em dramas, rendendo várias indicações, e levando até um Oscar para casa. A atriz não tem o timing cômico necessário para comédias, mas é isso que deixa a produção mais legal, e ela acaba se tornando engraçada do jeito dela. E o mais interessante é que elas não levam o menor jeito para serem super heroínas. Já em relação aos vilões, a situação é bem diferente. Eles são caricatos, chatos, tentam ser engraçados, mas sem êxito, além de não serem nada ameaçadores e com motivações superficiais. Tudo bem que a produção não é séria, mas assim já é demais. Jason Bateman é o que mais se destaca, interpretando Jerry, metade humano e metade caranguejo (?), que acaba tendo um envolvimento com Lydia.

No fim, Esquadrão Trovão é uma produção simples, bobinha, sem muitas pretensões de ser séria, se tornando praticamente uma paródia dos filmes de super heróis, mas que diverte com suas situações exageradas, piadas excessivas e o carisma das protagonistas, o que mais funciona. Falta conteúdo, um desenvolvimento melhor, e se parecesse menos exagerado, poderia ter se saído melhor, mas a proposta do filme é essa, então, tá ok. Provavelmente, ficará esquecido no catalogo da Netflix, mas é inegável o sucesso que fez.